Reeditando-se agora o trabalho clássico de Lutz sobre a doença que foi ele o primeiro a ver e diagnosticar no Brasil, e que com justiça é hoje geralmente denominada "Doença de Adolpho Lutz", presta-se à literatura médica um grande serviço e homenageia-se um dos maiores sábios brasileiros.
Lendo-se o seu trabalho, que data de quase 40 anos, pouco se pode acrescentar. A observação é perfeita; ele tudo viu com precisão e clarividência. Investigador meticuloso, forrado de uma cultura e experiência invulgares, Lutz prestou grandes serviços à medicina experimental no Brasil, que teve nele um dos seus pioneiros.
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Descreve o autor, pormenorizadamente, o caso de um menino com lesões do couro cabeludo, o que é raro, e da pele glabra devidas ao T, album (Sabouraud, 1909) . O exame microscópico dos cabelos parasitados revelou tratar-se de Megasporo. As culturas em meio açucarado de Sabouraud não puderam ser obtidas no começo, enquanto conservados os tubos em temperatura ambiente. Mais tarde, quando colocados em estufa à temperatura de 28º C., começaram as colônias a aparecer, mostrando, aos poucos, as caraterísticas do T. (faviforme) album.
Aproveitou-se o autor da oportunidade para a verificação do comportamento desse fungo nos chamados meios a base de estafilococos, como anteriormente o fizera Baudet. Viu nesses meios as culturas prosperarem bem, mesmo em temperatura ambiente; tornarem-se viçosas, não mais glabras mas penugentas e, microscopicamente, não serem mais formadas só de filamentos estéreis, como ocorria nos meios açucarados, mas apresentarem abundantes órgãos de frutificação. Em outras palavras, o T. (faviforme) album semeado em meio mais favorável como certamente o é para ele, o meio a base de estafilococo, perde seu caráter faviforme.
Tem razão Baudet sugerir a exclusão do termo faviforme na designação acima.
O A. experimentou, também, no mesmo meio a base de estafilococos outro cogumelo de cultura glabra - O. T. violaceum - não conseguindo, porém, modificações no macro e microscópico desse fungo.
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