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Vol. 98. Núm. 1.
Páginas 118-119 (01 Janeiro 2023)
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Vol. 98. Núm. 1.
Páginas 118-119 (01 Janeiro 2023)
Carta ‐ Caso clínico
Open Access
Metástase de carcinoma de ovário manifestada como nódulos periumbilicais
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Ivonne Dannesy Rodriguez Hernandeza,
Autor para correspondência
ivonne0788@hotmail.com

Autor para correspondência.
, Patricia de Franco Marques Ferreiraa, Paula Dadalti Granjaa, Mayra Carrijo Rochaelb
a Departamento de Dermatologia, Hospital Universitário Antonio Pedro, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil
b Setor de Dermatopatologia, Departamento de Patologia, Hospital Universitário Antonio Pedro, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil
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Prezado Editor,

A pele pode sinalizar doenças internas, como neoplasias viscerais. Qualquer tumor tem o potencial de causar metástases para a pele, o que pode ocorrer por via linfática, hematogênica, por contiguidade ou por iatrogenia. Os nódulos subcutâneos podem ter diferentes etiologias, como inflamatórias, infecciosas ou neoplásicas. As metástases cutâneas ocorrem entre 1% e 9% dos casos de malignidades e cerca de 10% afetam a região umbilical.1,2

A metástase para a cicatriz umbilical foi descrita como nódulo da Irmã Mary‐Joseph. Trata‐se de protuberância palpável, indolor, cuja cor varia de violácea a marrom‐avermelhado, podendo se assemelhar a uma estrutura vascular.2 A origem principal são as vísceras abdominais e pélvicas; o trato gastrintestinal é o sítio mais comum no sexo masculino, e o ginecológico, no sexo feminino, em particular o tumor ovariano. Em 75% dos casos o adenocarcinoma é o tipo histológico mas frequente.3

Paciente do sexo feminino de 45 anos, com lesões nodulares indolores na região umbilical e periumbilical havia seis meses, associadas a perda ponderal e dor abdominal. Clinicamente, apresentava‐se hipocorada, emagrecida, com abdome globoso, ascítico, massa abdominal na região pélvica e nódulos castanho‐violáceos com superfície úlcero‐necrótica e consistência endurecida no umbigo e na região periumbilical (fig. 1). Na ultrassonografia abdominal, ovário esquerdo aumentado, nódulos sugestivos de implantes peritoneais e hepáticos (fig. 2). No histopatológico de uma das lesões periumbilicais, observou‐se tecido neoplásico constituído por glândulas atípicas revestidas por epitélio cilíndrico alto e núcleos basais, associados a material mucinoso, compatível com adenocarcinoma mucinoso metastático (fig. 3). Na imuno‐histoquímica, positividade forte e difusa com os anticorpos anti‐CK20 CEA e p16; positividade focal com CA125 e imunonegatividade com receptor de estrogênio e CK7. O perfil histoquímico CK20 positivo e CK7 negativo favorece metástase ovariana variante intestinal, configurando neoplasia maligna de ovário metastática. Após diagnóstico, a paciente foi encaminhada ao serviço de oncologia, porém evoluiu para óbito após um mês.

Figura 1.

Múltiplos nódulos de coloração castanho‐violácea com superfície úlcero‐necrótica na cicatriz umbilical e na região periumbilical.

(0,11MB).
Figura 2.

Aumento de ovário esquerdo (8×5 cm) com pequenas formações císticas.

(0,12MB).
Figura 3.

Tecido neoplásico constituído por glândulas atípicas revestidas por epitélio cilíndrico alto e núcleos basais associados a material mucinoso; diagnóstico: adenocarcinoma mucinoso metástatico. (Hematoxilina & eosina, 40×). No detalhe, células glandulares altas e células caliciformes sobre epitélio escamoso estratificado (Hematoxilina & eosina, 400×).

(0,23MB).

É fundamental conhecer as causas de nódulos umbilicais, uma vez que a manifestação cutânea pode representar uma oportunidade para se chegar ao diagnóstico da lesão primária. Alguns diagnósticos diferenciais são: endometriose cutânea, granuloma piogênico, melanoma, carcinoma de células escamosas/basocelular e hérnia umbilical.3 A biópsia é um procedimento de baixo risco em comparação ao seu alto rendimento; possibilita o diagnóstico precoce, buscando reduzir a morbimortalidade. A histopatologia da lesão complementada pela imuno‐histoquímica deve ser realizada sempre que possível, uma vez que pode determinar a origem tumoral ou orientar a pesquisa clínica e por imagem do sítio primário. Metástases com características microscópicas glandulares impõem o diagnóstico diferencial entre várias neoplasias primárias. Os painéis CK7CK20+, CK7+CK20+e CK7CK20indicam em geral tumores que incluem bexiga, trato gastrintestinal, pâncreas e raros tumores ovarianos.

Achados semelhantes aos do caso em questão (CK7+, CK20) correspondem a tumores primitivos que podem estar localizados na mama, pulmão, tireoide e tumores ginecológicos. Anticorpos específicos foram utilizados excluindo adenocarcinoma de outras origens e indicando ovário como a mais forte possibilidade da origem primária das metástases umbilicais. Por fim, é importante salientar que, na presença de nódulos umbilicais, deve‐se pensar na possibilidade de metástases cutâneas.4

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Ivonne Dannesy Rodriguez Hernandez: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito

Patricia de Franco Marques Ferreira: aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Paula Dadalti Granja: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Mayra Carrijo Rochael: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
W.A. Pereira, C.R. Humaire, C.S. Silva, L.H.G. Fernandes.
Sister Mary Joseph's nodule: a sign of internal malignancy.
An. Bras. Dermatol., 86 (2011), pp. 118-120
[2]
K. Sethi, N. Shareef, S. Bloom.
The Sister Mary Joseph nodule.
Br J Hosp Med (Lond)., 79 (2018), pp. C27-C29
[3]
A.B. Araujo, A.B. Barbosa, C. Bellé Júnior, D.S. Almeida, P.W. Nassif.
A importância do diagnóstico precoce de metástase cutâneas de neoplasias internas.
Revista Uningá Review., 15 (2013), pp. 41-43
[4]
G. Habermehl, J. Ko, Cutaneous Metastases:.
A Review and Diagnostic Approach to Tumors of Unknown Origin.
Arch Pathol Lab Med., 143 (2019), pp. 943-957

Como citar este artigo: Hernandez IDR, Ferreira PFM, Granja PD, Rochael MC. Ovarian carcinoma metastasis manifesting as periumbilical nodules. An Bras Dermatol. 2023;98:118–9.

Trabalho realizado no Hospital Universitário Antonio Pedro, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

Idiomas
Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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