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Vol. 96. Núm. 1.
Páginas 47-50 (Janeiro - Fevereiro 2021)
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Vol. 96. Núm. 1.
Páginas 47-50 (Janeiro - Fevereiro 2021)
Investigação
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Seis etapas para padronizar a abordagem cirúrgica da onicocriptose
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Han Ma
Departamento de Dermatologia e Guangdong Provincial Key, Laboratory of Biomedical Imaging, the Fifth Affiliated Hospital, Sun Yat‐sen University, Zhuhai, Província de Guangdong, China
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Resumo
Fundamentos

Os dermatologistas nem sempre conhecem bem a cirurgia para tratar a onicocriptose (unha encravada), e não há consenso sobre qual é a melhor abordagem.

Objetivo

Criar uma abordagem cirúrgica fácil e eficaz para resolver o problema das unhas encravadas.

Métodos

Identificamos 67 pacientes com unhas encravadas em vários graus de gravidade, que foram tratados com a abordagem padronizada.

Resultados

Todos os pacientes tiveram recuperação completa da doença e nenhum reclamou do resultado cosmético.

Limitações do estudo

O número de casos é limitado.

Conclusão

A abordagem cirúrgica padronizada é de fácil compreensão e muito eficaz. A taxa de recorrência é menor do que as outras formas de tratamento.

Palavras‐chave:
Cirurgia plástica
Ortopedia
Unhas encravadas
Texto Completo
Introdução

A onicocriptose, ou unha encravada, é doença muito comum que causa dor e incapacidade. Há muitas estratégias cirúrgicas diferentes para lidar com essa condição, que se baseiam em duas abordagens principais: o estreitamento da placa ungueal ou a redução de volume dos tecidos moles.1 Melhoramos a técnica cirúrgica ao combinar as duas abordagens e realizamos as seis etapas padronizadas para garantir uma maior taxa de cura e efeito estético adequado. Esta pesquisa obteve a aprovação do Comitê de Ética do Fifth Affiliated Hospital, Sun Yat‐sen University, sob protocolo n° K148‐1.

Métodos

Um total de 67 pacientes com onicocriptose em vários graus de gravidade foram incluídos no estudo entre janeiro de 2018 e setembro de 2019. O procedimento foi realizado seguindo as seis etapas padronizadas (fig. 1A‐G): (A) Uma linha de ressecção longitudinal foi identificada de acordo com a parte da unha encravada que necessitava ser removida. (B) Do ponto de junção entre a margem do eponíquio e a linha de ressecção longitudinal, foi realizada uma excisão em um ângulo de 45°. (C) Uma incisão em arco foi realizada ao longo da prega ungueal lateral, garantindo que a extensão incluísse o tecido de granulação hipertrófico. (D) Foi realizado o corte na placa ungueal da unha encravada ao longo da linha longitudinal, com remoção completa do tecido hipertrófico e a parte correspondente da matriz ungueal. (E) A prega ungueal lateral proximal foi suturada com duas ou mais agulhas utilizando suturas de fio de Nylon 4/0. (F) Para fixação da margem ungueal no dedo do pé/dedo da mão, foram realizadas uma ou mais suturas com fio de Nylon 2/0, conforme necessário. (G) A aparência imediata da unha do dedo do pé/dedo da mão após a operação foi documentada.

Figura 1.

Seis etapas padronizadas para tratamento cirúrgico da onicocriptose.

Resultados

O processo de cicatrização durou de três a quatro semanas aproximadamente, e as suturas foram retiradas no 14° dia do pós‐operatório (fig. 2). Dos 67 pacientes, 15 receberam o tratamento em unhas dos dois pés. Quase todos os pacientes sentiram dor pós‐cirúrgica, mas apenas cinco precisaram tomar anti‐inflamatórios não esteroides (AINEs) para aliviar a dor. Todos os casos receberam tratamento com radiação infravermelha‐A filtrada por água (wIRA – do inglês water‐filtered infrared‐A), e apenas três casos graves contraíram infecção local e receberam antibióticos. A aparência da unha foi quase inalterada, e nenhum paciente se queixou dos resultados cosméticos (fig. 3).

Figura 2.

Processo de cicatrização pós‐operatório. A, 3° dia. B, 4° dia. C, 5° dia. D, 6° dia. E, 14° dia. F, 4ª semana.

Figura 3.

Resultado cosmético. A, Imagem pré‐operatória. B, Após remoção dos pontos no 14° dia. C, Seguimento de um ano.

Discussão

A onicocriptose, ou unha encravada, afeta seriamente a vida diária dos pacientes. A maioria dos indivíduos afetados já passou por um longo e repetido curso da doença antes de ser encaminhada ao dermatologista. Na verdade, muitos dermatologistas ainda desconhecem a técnica cirúrgica, e não há consenso sobre qual é a melhor abordagem cirúrgica para tratar a onicocriptose. Como sabemos, a taxa de recorrência para abordagens cirúrgicas fica entre 1,7% e 27%.2 Contudo, consideramos esse tratamento em 67 pacientes e não tivemos recorrência após um seguimento de seis meses a um ano.

Os pontos‐chave sobre o procedimento incluem: 1 A etapa 4 é o procedimento mais importante para evitar a recorrência. Nossa experiência mostra que é suficiente cortar os tecidos da base ungueal até ver a falange branca. Para minimizar o risco de recorrência, costumamos fazer uma pequena ressecção em formato de cunha para dentro na extremidade da placa ungueal, e isso não afeta em nada a aparência da unha. 2 Na etapa 6, às vezes o curso da doença foi muito longo e uma grande massa de tecido na região triangular, então pode ser difícil suturar a placa ungueal e os tecidos circundantes se a ressecção foi muito extensa e deixou um amplo espaço ao lado da unha, como mostrado na figura 4A. É melhor manter 0,5cm de largura, embora uma pequena quantidade de tecidos necróticos possa permanecer permanecer no local e ser absorvida gradualmente. 3 Se a placa ungueal for muito grossa (fig. 4B) para ser cortada facilmente, sugerimos remover toda a placa antes do procedimento (fig. 4C). 4 Para melhor proteger o aparelho ungueal e diminuir o risco de infecção pós‐cirúrgica, utilizamos o método de curativo em “Y” e a radiação infravermelha‐A filtrada por água (wIRA) após a cirurgia (fig. 4D). Essas foram técnicas eficazes, conforme descrito na literatura.

Figura 4.

Pontos chave. A, Grandes massas nas regiões triangulares. B, Placa ungueal espessa. C, Remoção de toda a placa ungueal antes da cirurgia. D, Tratamento com radiação infravermelha‐A filtrada por água (wIRA).

Conclusão

Apresentamos um método cirúrgico simples e eficaz para tratar a onicocriptose. A taxa de recorrência é menor do que as das outras formas de tratamento.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição do autor

Han Ma: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
B. Richert.
Surgical management of ingrown toenails ‐ an update overdue.
Dermatol Ther., 25 (2012), pp. 498-509
[2]
C. Rounding, S. Bloomfield.
Surgical treatments for ingrowing toenails.
Cochrane Database Syst Rev., 18 (2005), pp. CD001541
[3]
A. Aljasir, T. Pierson, G. Hoffmann, H. Menke.
Management of donor site infections in split‐thickness skin graft with water‐filtered infrared‐A (wIRA).
GMS Interdiscip Plast Reconstr Surg DGPW., 7 (2018), pp. Doc03
[4]
K.T. Ashique, C. Grover.
The “Y” technique: An attempt to standardize nail dressing.
J Am Acad Dermatol., 78 (2018), pp. e103-e104

Como citar este artigo: Ma H. Six steps to standardize surgical approach for ingrown toenail. An Bras Dermatol. 2021;96:47–50.

Trabalho realizado no Departamento de Dermatologia, the Fifth Affiliated Hospital, Sun Yat‐sen University, Zhuhai, Província de Guangdong, China.

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Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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