Journal Information
Vol. 98. Issue 5.
Pages 571-579 (01 September 2023)
Visits
10982
Vol. 98. Issue 5.
Pages 571-579 (01 September 2023)
Educação médica continuada
Full text access
Metástases cutâneas de neoplasias sólidas – Revisão de literatura
Visits
10982
Bruno de Castro e Souza
Corresponding author
bruno.csouza@hc.fm.usp.br

Autor para correspondência.
, Denis Miyashiro, Marcella Soares Pincelli, José Antonio Sanches
Departamento de Dermatologia, Hospital das Clínicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
This item has received
Article information
Abstract
Full Text
Bibliography
Download PDF
Statistics
Figures (6)
Show moreShow less
Tables (3)
Tabela 1. Principais localizações das metástases cutâneas de acordo com o tumor primário15
Tabela 2. Indícios histopatológicos para a suspeita de metástases cutâneas58
Tabela 3. Resumo de imunofenótipos dos principais tumores que metastatizam para a pele58
Show moreShow less
Resumo

As metástases cutâneas de tumores sólidos são eventos pouco frequentes na prática clínica. Na maioria das vezes, o paciente já tem o diagnóstico de neoplasia maligna quando a metástase cutânea é detectada. No entanto, em até um terço dos casos a metástase cutânea é identificada antes do tumor primário – portanto, seu reconhecimento pode ser fundamental para o início do tratamento, embora geralmente seja indicativo de prognóstico ruim. O diagnóstico dependerá da análise clínica, histopatológica e imuno‐histoquímica. A identificação do sítio primário pode ser difícil; assim, é importante uma análise minuciosa por meio de exames de imagem e constante vigilância.

Palavras‐chave:
Imuno‐histoquímica
Metástase neoplásica
Oncologia
Full Text
Introdução

As metástases cutâneas de tumores sólidos são eventos pouco frequentes na prática clínica. Estima‐se que entre 0,7 e 9% das metástases desses tumores tenham a pele como destino.1

Na maioria das vezes, o paciente já tem o diagnóstico de neoplasia maligna quando a metástase cutânea é detectada. No entanto, em até um terço dos casos a metástase cutânea é identificada antes do tumor primário.2 Em alguns casos, a identificação da metástase cutânea indica a recidiva do câncer, e em 79% das vezes há concomitantemente metástases viscerais.3 A apresentação clínica é diversa e pode simular doenças inflamatórias, tumores benignos ou até mesmo tumores cutâneos malignos. Nesta revisão, discutimos o paradigma atual dos mecanismos de metástase e expomos as principais formas clínicas de sua apresentação. Por questões didáticas, discutiremos as apresentações clínicas de acordo com o sítio do tumor primário, incluindo aqueles originalmente cutâneos. As manifestações paraneoplásicas e as neoplasias hematológicas não serão revisadas neste artigo.

Etiopatogenia

Metástase é definida como o desenvolvimento de um tumor a distância do sítio primário. A metástase desenvolve‐se predominantemente por invasão vascular (linfática ou hematogênica). Discute‐se na literatura se os implantes por contiguidade ou de forma iatrogênica devem ser considerados metástases de fato. Atualmente, entendemos o processo de metástase como um fenômeno complexo que ocorre paralelamente ao desenvolvimento do tumor primário. Pela maior importância, discutiremos com mais detalhes a metástase por invasão vascular.

A fisiopatologia da metástase é dividida em seis etapas: invasão local; intravasamento; sobrevivência na circulação; parada em órgão distante; extravasamento; formação de micrometástase e colonização metastática.4

Invasão local

Após o desenvolvimento do tumor maligno no sítio primário, há a invasão local. Tal evento consiste na entrada das células malignas no estroma adjacente ao tumor. Para que isso ocorra, é necessário o rompimento da membrana basal secundário à ação de metaloproteinases de matriz.4

Intravasamento

O intravasamento é o fenômeno complexo que possibilita a entrada das células malignas nos vasos sanguíneos ou linfáticos. Esse processo é fundamental para que as células malignas atinjam o sítio distante e continuem o processo de metástase. É bem descrito que os tumores malignos têm a capacidade de produzir neoangiogênese.5 O que ocorre é que tais vasos neoformados apresentam pouca cobertura de pericitos e células endoteliais com pouca adesão celular, o que facilita a entrada das células malignas (intravasamento).4,5 De maneira intrigante, evidências mais recentes demonstram que esse fenômeno ocorre predominantemente durante o sono.6

Sobrevivência na circulação

Uma vez dentro dos vasos, as células malignas precisam sobreviver. Elas estão sujeitas ao trauma decorrente das forças hemodinâmicas e à ação do sistema imunológico. A principal forma adaptativa para evadir‐se desses mecanismos é a formação de microtrombos plaquetários ao redor das células neoplásicas, que as protegem desses fenômenos.4

Parada em órgão distante

Por meio da circulação sanguínea ou linfática, os tumores podem atingir virtualmente qualquer tecido do corpo. O grande questionamento é o motivo de alguns tumores apresentarem sítios preferenciais de metástase.7 Por exemplo, há nítida preferência óssea nas metástases prostáticas ou, nos casos de tumores do cólon, para o fígado.8 Acredita‐se que seja necessária uma forte interação entre o tumor primário e o estroma do sítio alvo.4 Apesar de a pele ser um órgão altamente vascularizado, poucos tumores como o melanoma têm predileção evidente. Talvez isso ocorra por uma boa proteção imunológica ou baixa interação estroma‐tumor maligno.

Extravasamento

Após atingir a circulação do órgão alvo, as células malignas precisam sair dos vasos para atingir o estroma. Esse processo pode ocorrer pela ruptura mecânica vascular ou por um processo mais complexo. Nesse último caso, as células tumorais poderiam induzir a hiperpermeabilidade vascular secundária à liberação de proteínas como epiregulina (EREG), cicloxigenase 2 (COX‐2), metaloproteinase 1 e 2 (MMP‐1 e MMP‐2).9 É importante frisar que cada proteína tem ação específica sobre a vascularização de cada órgão alvo, reforçando a ideia de que cada tumor maligno apresenta um ou mais sítios preferenciais de metástase.4

Formação de micrometástase e colonização metastática

O último passo é o tumor sobreviver no estroma do sítio alvo. Para isso, o tumor precisa ter capacidade de autorrenovação e proliferação. Ademais, o tumor libera substâncias que tornam o estroma adjacente mais receptivo para sua multiplicação.4 As micrometástases podem persistir em estado de latência por meses ou anos. Nesse período, aquelas micrometástases que adquirem alteração genéticas ou epigenéticas e que conseguem tornar o microambiente mais favorável ao seu desenvolvimento evoluirão com a formação de metástases macroscópicas com potencial letal significante.4

Epidemiologia

Há divergência na literatura sobre quais tumores mais frequentemente metastatizam para a pele. Estudos mais recentes indicam que o melanoma é o mais frequente, porém em alguns estudos clássicos essa neoplasia aparece apenas em quarto lugar.10,11 Uma metanálise de 2002 identificou que os tumores de mama são os mais frequentes (24%), seguidos de câncer renal (4%), ovários (3,8%), bexiga (3,6%), pulmão (3,4%), colorretal (3,4%) e de próstata (0,7%).12 Porém, nesse estudo foram excluídos os casos de melanoma.

Há uma diferença epidemiológica de acordo com o sexo. Um estudo brasileiro com 209 casos de metástases cutâneas identificou que nas mulheres as metástases cutâneas mais frequentes tiveram origem de câncer de mama (63,19%), intestino grosso (10,41%) e pulmão (4,16%), enquanto nos homens a ordem de frequência foi pulmão, estômago e laringe (33,84%, 12,3% e 7,69%, respectivamente).13 Quando analisamos especificamente a população pediátrica, os tumores primários mais frequentes são rabdomiosarcoma e neuroblastoma.14

É fato notório que há alguns locais da pele nos quais é mais frequente o surgimento das lesões metastáticas. O tórax anterior é o local mais comum, seguindo de abdome, cabeça e pescoço (incluindo couro cabeludo) e membros.11–13 Há nitidamente uma predileção de sítio acometido de acordo com o tumor primário, por isso o local da metástase cutânea pode indicar a possível origem neoplásica. Por exemplo, o câncer de mama metastatiza mais frequentemente para o tórax anterior, enquanto os tumores do trato gastrintestinal acometem secundariamente mais frequentemente o abdome.15 A tabela 1 resume os locais preferenciais de metástases cutâneas.

Tabela 1.

Principais localizações das metástases cutâneas de acordo com o tumor primário15

Sítio cutâneo  Tumor primário 
Couro cabeludo  Mama, pulmão, rim 
Face e pescoço  Carcinoma epidermoide de cabeça e pescoço, rim, pulmão 
Tórax anterior  Mama, pulmão, melanoma 
Abdome  Cólon, estômago, pulmão, ovário 
Região umbilical  Estômago, pâncreas, cólon, ovários, rim, mama 
Pelve  Cólon, bexiga 
Apresentação clínicaPele

Diversas neoplasias malignas originalmente cutâneas podem evoluir com metástases para a pele. Desses, o mais frequente é o melanoma e, por essa razão, discutiremos de modo mais aprofundado. Porém, é importante salientar que carcinoma espinocelular, carcinoma de células de Merkel e até pilomatricoma maligno podem desenvolver metástases cutâneas.11

Um estudo norte‐americano demonstrou que o número de metástases cutâneas por melanoma vem aumentando nos últimos anos.16 Esse não é um evento infrequente na história natural da doença. O envolvimento secundário da pele surge em 10‐17% dos pacientes com melanoma e está presente em até 50% dos indivíduos com doença disseminada.17 A pele é o primeiro sítio de envolvimento metastático na maioria dos casos, e em cerca de 30% das vezes ocorre após a metástase linfonodal.18 Achado concomitante de metástase cutânea, nodal e visceral ocorre em aproximadamente 10% dos casos.18

As metástases cutâneas do melanoma são divididas em microssatélites, satélites, em trânsito ou a distância. As primeiras são metástases microscópicas (cutâneas ou subcutâneas) descontínuas do tumor primário – logo, não é percebida no exame clínico. A metástase satélite é aquele tumor metastático visível até 2cm do sítio do tumor primário. Metástase em trânsito é definida como qualquer metástase cutânea ou subcutâneas que esteja a mais de 2cm da lesão primária, mas dentro da drenagem linfática regional.19 Apesar dessa distinção, tanto as lesões satélites quanto a metástase em trânsito correspondem à disseminação intralinfática e apresentam implicações terapêuticas e prognósticas semelhantes.20 É importante, ainda, diferenciar as metástases linfáticas da recorrência local que ocorre como resultado de uma ressecção incompleta do tumor primário.

Já a metástase a distância está relacionada à disseminação hematogênica e ocorre quando o sítio metastático cutâneo está longe do foco de drenagem linfática do tumor primário. Essa distinção é importante pois nos dois primeiros cenários considera‐se o paciente com doença locorregional, enquanto no último há metástase a distância piorando consideravelmente o prognóstico do paciente.19 O estadiamento do melanoma foge do escopo deste artigo e, portanto, não será discutido.

As metástases cutâneas do melanoma são mais comumente encontradas no dorso em homens e nos membros inferiores em mulheres. O fato de as localizações cutâneas secundárias ocorrerem na mesma localização anatômica das localizações cutâneas iniciais em mais de 30% dos casos explica os padrões distintos das metástases entre os sexos.18 Clinicamente, há pápulas ou nódulos dérmicos ou subcutâneos geralmente pretos ou amarronzados que podem ulcerar (fig. 1).21 Eventualmente, podem ser amelanóticos e atingir grandes dimensões levando à morbidade significante.16 No caso das metástases em trânsito, geralmente estão localizadas entre o sítio do tumor primário e o linfonodo regional. Porém, em algumas situações pode surgir do lado oposto, em decorrência de uma alteração do fluxo linfático secundário à presença do tumor.20 Casos mais atípicos, como placas eritematosas (erisipela‐símile), lesões esclerodermiformes (em couraça), purpúricas e telangiectásicas, já foram descritas.22 Há ainda relatos de metástases zosteriformes com lesões vesicobolhosas e nódulos distribuídos por um dermátomo.23

Figura 1.

Paciente com metástases cutâneas de melanoma com lesão tumoral ulcerada e diversas pápulas e nódulos satélites no pé

(0.26MB).
Mama

A maioria dos casos de metástase cutânea do câncer de mama decorre de adenocarcinomas (77‐82%).17,24 Em geral, surge no tórax anterior em decorrência da disseminação linfática regional.25 Clinicamente, a forma mais comum de apresentação são pápulas ou nódulos normocrômicos. Porém, são descritas algumas apresentações bem caracterizadas, a saber: carcinoma telangiectoide, carcinoma erisipeloide, carcinoma em couraça (en courasse) e alopecia neoplásica.26

O carcinoma telangiectoide se apresenta com pápulas violáceas sobre superfície telangiectásica surgindo próximo à cicatriz da mastectomia prévia. De maneira menos comum, surgem lesões papulovesiculares semelhante ao linfangioma circunscrito.27 O carcinoma erisipeloide (ou inflamatório) surge como placas eritematosas, quentes e com bordas bem delimitadas afetando a pele da mama e adjacente (fig. 2).26 Marneros et al. demonstraram que a disseminação no carcinoma telangiectoide ocorre predominantemente por vasos sanguíneos, enquanto no carcinoma erisipeloide a disseminação é linfática.27 No carcinoma em couraça, a pele adquire aspecto infiltrado e endurecido semelhante à esclerodermia. Por fim, na alopecia neoplásica há nódulos ou placas endurecidas no couro cabeludo que resultam em alopecia.26 A alopecia pode ser cicatricial e irreversível, já que as células neoplásicas podem destruir os folículos pilosos e induzir fibroplasia.28 Assim como no melanoma, também já foram descritos casos com pápulas dispostas em aspecto zosteriforme.26 É importante salientar que apresentações semelhantes ao carcinoma telangiectásico, em couraça, erisipeloide e alopecia mucinosa já foram descritas em metástases de outros tumores, porém são mais comuns secundárias ao adenocarcinoma de mama.21

Figura 2.

Placa eritematosa e infiltrada no tórax em paciente com metástase cutânea de câncer de mama

(0.16MB).

Quanto ao prognóstico, Hu et al. demonstraram que a sobrevida média de pacientes com câncer de mama e metástase cutânea é de 57 meses, e de apenas 25 meses entre aqueles com metástase visceral concomitantemente.29

Pulmão

As metástases de câncer de pulmão ocorrem mais frequentemente para o fígado, ossos, sistema nervoso central, glândulas adrenais e linfonodos mediastinais; a metástase cutânea é pouco frequente.30 Estima‐se que entre 1 a 12% dos pacientes com câncer de pulmão cursem com metástases para a pele.30,31 Quando analisados todos os tipos de metástases cutâneas, os pacientes com metástases por câncer de pulmão apresentaram o pior prognóstico.32 Embora possam afetar qualquer sítio da pele, acometem preferencialmente a região da cabeça e pescoço, tórax anterior e abdome. Assim como no câncer de mama, o adenocarcinoma é o tipo metastático mais comum, seguido pelo carcinoma de células escamosas; o câncer de pulmão de pequenas células é o menos frequente.21 Em geral, o tumor primário está localizado nos lobos pulmonares superiores.30,31

Clinicamente, as metástases de câncer de pulmão são indistinguíveis de metástases de tumores de outras origens. Em geral, apresentam‐se como nódulos subcutâneos normocrômicos ou levemente eritematosos, endurecidos e aderidos a planos profundos (fig. 3). Na maior parte das vezes, surgem de maneira solitária, mas posteriormente podem surgir múltiplas lesões. Há relatos de metástases simulando ceratoacantomas,33 nódulos eritematosos localizados na ponta do nariz (“nariz de palhaço”),34 com distribuição zosteriforme ou simulando erisipela.35 Um acometimento pouco conhecido é o subungueal. Uma revisão de literatura demonstrou que a metástase subungueal ocorre mais frequentemente em pacientes com câncer de pulmão (41%), órgãos genitourinários (17%) e mama (9%).36 Essas metástases se manifestam como nódulos eritematovioláceos subungueais ou com edema, eritema e dor das falanges distais simulando um quadro infeccioso.36

Figura 3.

Metástase de adenocarcinoma de pulmão apresentando‐se como placa eritemato‐violácea localizada na axila direita

(0.24MB).

É importante salientar que, na maioria das vezes, quando há metástase cutânea, outros sítios extrapulmonares também estão acometidos.21

Trato gastrintestinal

Dentre as neoplasias malignas do trato gastrintestinal, o adenocarcinoma colorretal é o que mais leva a metástases cutâneas.12 No momento do diagnóstico, cerca de 10% dos casos já apresentam metástase a distância; os locais mais comumente acometidos são o fígado, os pulmões e o sistema nervoso central.37 Estima‐se que cerca de 4% de pacientes com câncer colorretal evoluam com alguma metástase para a pele, e o tempo médio do diagnóstico até a metástase é de 25 meses.17,38 A idade média no momento do diagnóstico da metástase é de 55 anos.39

O acometimento da pele pode se dar por contiguidade, por disseminação linfática ou hematogênica ou, ainda por disseminação ao longo dos remanescentes embrionários, como o úraco.40 Por isso, a pele do abdome é o sítio do tegumento mais frequentemente afetado, seguido pela região pré‐sacral e perineal, esta última mais relacionada ao câncer retal.38 Num estudo, a maioria das metástases cutâneas surgiu nos locais da incisão cirúrgica da colectomia.17 Apesar disso, há relatos de disseminação para as mais diversas localidades, como tórax, membros superiores e região de cabeça e pescoço.40 Quando a metástase acomete a região umbilical, é denominada nódulo da irmã Mary Joseph.41 Esse achado não é patognomônico de tumores colorretais, já que foi relatado em outras malignidades como estômago, ovário, pâncreas e até mesmo de colo uterino, vesícula biliar e intestino delgado.41

Não há uma apresentação clínica característica; a maioria surge como lesões nodulares firmes de coloração rósea ou avermelhada que pode ulcerar.38 Outras apresentações descritas são lesões semelhantes a cistos epidérmicos, neurofibromas, eritema anular, condilomas, elefantíase nostra verrucosa e áreas de alopecia.17,40 No caso do nódulo da irmã Mary Joseph, tipicamente há nódulos firmes medindo de 0,5 a 2cm, que podem eventualmente drenar secreção purulenta, serosa ou sangue.21

No caso de tumores gástricos, o que mais se metastatiza para a pele é o carcinoma de células de anel de sinete.42 Assim como o adenocarcinoma colorretal, o abdome é o local mais comumente acometido e clinicamente podem se apresentar como nódulos, lesões do tipo erisipela‐símile, ou semelhantes a cistos epidérmicos.42 O prognóstico é muito ruim em ambas as metástases, com sobrevida média de poucos meses.

Por fim, há raros relatos de metástases cutâneas oriundas de neoplasias malignas do esôfago, pâncreas e fígado.43 Nesses casos, as lesões foram identificadas em diferentes sítios como couro cabeludo, abdome e dorso.

Sistema genitourinário

Dos cânceres do sistema urinário, o renal é o mais comum. Como o carcinoma de células renais produz poucos sinais e sintomas, a maioria é diagnosticada em fases tardias, quando já há metástases.44 Desses casos metastáticos, em menos de 2% das vezes o sítio da metástase é a pele; o carcinoma renal de células claras é o subtipo histológico mais comum.21 Na maioria dos casos, o paciente já tem o diagnóstico de câncer renal quando a metástase cutânea é identificada (seis a cinco anos após o diagnóstico), porém em até 20% dos casos a lesão cutânea surge antes da identificação do tumor renal primário.45

A região da cabeça e pescoço é frequentemente acometida pelas metástases do carcinoma de células renais. A teoria vigente explica que as veias renais apresentam anastomoses com os plexos vertebrais, que por sua vez têm conexão com a vascularização cefálica. Isso tornaria possível a disseminação hematogênica das células neoplásicas renais para a região da cabeça e pescoço.46 É importante frisar que o carcinoma de células renais, bem como o carcinoma folicular de tireoide e o carcinoma hepatocelular, se disseminam preferencialmente por via hematogênica.46

As metástases cutâneas do carcinoma de células renais se apresentam como nódulos de crescimento rápido, que podem ser normocrômicos ou mais caracteristicamente avermelhados. Isso ocorre pela alta vascularização do tumor e, por isso, podem ser confundidos com hemangiomas, angiomas rubis ou granuloma piogênico.47 A presença de metástase é um marcador de pior prognóstico, e a expectativa de vida é de aproximadamente seis meses.

Mais raramente são descritos casos de metástase cutânea de carcinoma urotelial da bexiga com sobrevida média de menos de 12 meses. Na maioria das vezes o envolvimento cutâneo ocorre por invasão tumoral direta, mas também pode ser secundário a disseminação vascular (linfática ou hematogênica) ou implante iatrogênico (pós‐procedimentos, como cistectomia).48 Por isso, na maioria das vezes a lesão se localiza no abdome inferior, pelve ou escroto. A apresentação clínica é inespecífica e pode ser única ou múltipla, surgindo como nódulos, placas infiltradas ou até mesmo com aspecto esclerodermiforme.49 Por fim, Savell et al. descreveram um caso de carcinoma urotelial se manifestando como livedo racemosa em decorrência de oclusão vascular.50

As metástases cutâneas de tumores ginecológicos (excluindo mama) podem corresponder a até 8,5% dos implantes secundários em pacientes do sexo feminino.43 A maioria dos casos é derivada de neoplasias malignas do ovário, mas também pode ser oriunda de câncer do colo uterino. Por questões anatômicas, o abdome (principalmente cicatriz umbilical) é o local mais comumente atingido.43 Quanto ao sexo masculino, sabe‐se que o câncer de próstata raramente cursa com metástase cutânea, embora seja muito frequente.11

Cabeça e pescoço

Os carcinomas espinocelulares de cabeça e pescoço têm como sítio mais comum de metástase a distância o pulmão e os ossos. Pitman et al., em uma coorte de 2.491 pacientes com carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço, identificaram apenas 19 (0,763%) com metástase cutânea.51 Já Yoskovitch et al. identificaram 19 casos (2,4%) de metástases cutâneas entre 798 carcinomas espinocelulares de cabeça e pescoço.52 É importante notar que nesses estudos foram excluídos os casos de acometimento cutâneo por contiguidade tumoral, incluídos apenas aqueles com metástase a distância.

Os carcinomas espinocelulares da cavidade oral, principalmente do assoalho, são os que mais levam a metástases cutâneas.52 O pescoço, couro cabeludo e tórax anterior são os sítios acometidos em 63%, 15% e 10%, respectivamente e, na maioria dos casos, as lesões são múltiplas.52 A sobrevida média após o surgimento da metástase é de apenas três meses.51

Outro tumor maligno frequente do pescoço é carcinoma de tireoide, a malignidade endocrinológica mais comum.53 Os dois principais tipos histológicos (papilar e folicular) são os que mais frequentemente acometem a pele secundariamente, com incidência estimada de menos de 1 para 1.000 casos.54,55 Há raríssimos casos de metástase cutânea de carcinomas anaplásicos ou medulares;56 a ocorrência em homens e mulheres se dá na mesma proporção, com média de idade de 50 anos.54 Na maioria dos casos, o couro cabeludo é a região da pele envolvida, embora outras áreas como tronco (anterior e posterior), face e pescoço também tenham sido relatados (fig. 4).54,57 Há uma apresentação clínica característica, já que a maioria dos relatos da literatura descrevem nódulos eritematosos, pruriginosos ou ulcerados, localizados no couro cabeludo.53,57 A sobrevida média após o diagnóstico da metástase cutânea é de 19 meses.54

Figura 4.

Lesão tumoral com pápulas e eritema satélite no tórax anterior em paciente com metástase cutânea de câncer de tiroide. Note a cicatriz de tireoidectomia prévia

(0.2MB).
Diagnóstico

O diagnóstico definitivo depende de exame clínico minucioso, exames de imagem e análise histopatológica. A tabela 2 resume indícios histopatológicos para a suspeita de metástases cutâneas.

Tabela 2.

Indícios histopatológicos para a suspeita de metástases cutâneas58

Presença de células neoplásicas dentro de vasos linfáticos ou sanguíneos. 
Nódulos localizados na derme reticular e/ou hipoderme sem contato com a epiderme (zona grenz). 
Presença de células neoplásicas alinhadas entre as fibras de colágeno (“filas indianas”) 

As características histopatológicas e imuno‐histoquímicas da metástase cutânea tendem a ser semelhantes ao do tumor primário, porém as células metastáticas tendem a ser mais anaplásicas e menos diferenciadas.58 Hussein recomenda que um painel imuno‐histoquímico básico inclua CD45 (para malignidades linfoides), panqueratinas AE1/AE3 (para a maioria dos carcinomas), S100 (melanomas) e CD34 (neoplasias vasculares e leucemias). A partir daí é realizado um segundo painel, que pode incluir marcados linfoides (CD3 e CD20 para linfócitos T e B, respectivamente), marcadores epiteliais (EMA e CEA), cromogranina (tumores neuroendócrinos), fator de transcrição tiroidiano (câncer de pulmão), WT1 (carcinoma de ovário), antígeno específico da próstata e fosfatase ácida (carcinoma de próstata).58 A tabela 3 resume os imunofenótipos dos principais tumores que sofrem metástases para a pele, e as figuras 5 e 6 exemplificam.

Tabela 3.

Resumo de imunofenótipos dos principais tumores que metastatizam para a pele58

Tumor primário  Marcadores imuno‐histoquímicos positivos  Marcadores imuno‐histoquímicos negativos 
Adenocarcinoma de mama  CK7, receptor de estrógeno e progesterona, Ber‐EP4, Gata 3, mamoglobina  CK20, CK5/6 
Adenocarcinoma de cólon  CK20, CDX2, CEA.  CK7 (alguns casos podem ser positivos) 
Adenocarcinoma de estômago  CK20, CK7, CEA, CDX2  CK7 (alguns casos podem ser positivos) 
Adenocarcinoma de pulmão  FTT‐1, CK7, CEA, EMA  CK5/6, CK20 
Câncer de pulmão de pequenas células  FTT‐1, enolase neuronal específica (NSE), cromogranina, sinaptofisina  CK7, CK20, CD99 
Carcinoma renal de células claras  CAM5.2, EMA, CD10, RCC‐Ma, vimentina, S100  melan‐A, TTF‐1, CK7, CK20 
Melanoma  Vimentina, S100, tirosinase, melan‐A, HMB45, MITF  ‐ 
Bexiga/urotelial  P63, CK5/6, CK7, CK20, uroplaquina III  ‐ 
Próstata  PSA, fosfatase ácida prostática,  CK7, CK20, trombomodulina 
Ovário  CA.125, CK7, PAX8  CK20 (exceto algumas variantes mucinosas) 
Carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço  CK5/6, p63, CK903  ‐ 
Tireoide  FTT‐1, tiroglobulina, PAX8  ‐ 
Figura 5.

(A) Nódulos de células atípicas dentro de capilares dérmicos em um caso de metástase de adenocarcinoma de mama (Hematoxilina & eosina, 100×). GATA‐3 (B) CK7 (C) e mamoglobina (D) positivos corroboram o diagnóstico

(1.13MB).
Figura 6.

(A) Proliferação nodular atípica na derme profunda em paciente com metástase cutânea de adenocarcinoma de cólon (Hematoxilina & eosina, 100×). CK7 (B) CDX2 (C) e EMA (D) positivos corroboram o diagnóstico

(1.25MB).

Mesmo após a avaliação imuno‐histoquímica, por vezes o patologista não consegue determinar com exatidão o tumor primário e apenas classifica em classes genéticas como adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas ou carcinoma indiferenciado.15 Em alguns casos, após a avaliação inicial, não se consegue determinar a origem primária do tumor e são classificados como câncer de sítio primário desconhecido.59 Nesses casos, é preciso uma avaliação mais aprofundada. Os primeiros exames radiológicos são a tomografia computadorizada (TC) e/ou ressonância magnética (RM) de vários segmentos do corpo, associado à mamografia quando há suspeita de câncer de mama. Se esses exames forem inconclusivos, o próximo passo é uma tomografia por emissão de pósitrons (PET) e TC (PET‐CT) combinadas.59

Tratamento

De modo geral, o tratamento deve ser direcionado ao tumor primário. Como na maioria das vezes a presença de metástase cutânea indica doença avançada, a terapia sistêmica antineoplásica usualmente é a opção terapêutica escolhida. Porém, a terapia sistêmica pode ter eficácia reduzida nas lesões cutâneas, e terapias dirigidas à pele têm função adjuvante.

Uma metanálise que incluiu 47 estudos e 4.313 metástases cutâneas avaliou cinco terapias dirigidas à pele: eletroquimioterapia, terapia fotodinâmica, radioterapia, terapia intralesional e terapia tópica.60 Os pesquisadores encontraram taxa de resposta completa e taxa de resposta objetiva de 35,5% e 60,2%, respectivamente. A eletroquimioterapia para metástases cutâneas usa pulsos elétricos curtos direcionados ao tumor para permeabilizar as membranas celulares a fim de aumentar a absorção da quimioterapia intralesional ou intravenosa.

Quanto às terapias intralesionais, há estudos com injeções de anticorpos recombinantes direcionados para ErbB2/HER2 em casos de câncer de colo e de mama e de interferona e interleucina‐2 em melanoma.61 É possível, ainda, realizar tratamento com imunoterapia tópica para alguns tumores. Um estudo brasileiro demonstrou que a difenciprona pode levar a até 37% de resposta completa em casos de metástases de melanoma cutâneo.62

Conclusão

Apesar de infrequente, a metástase cutânea pode ser o primeiro sinal de uma neoplasia maligna ou indicar sua recidiva. O dermatologista deve saber identificar as lesões suspeitas e realizar a biopsia de maneira adequada. O diagnóstico dependerá da análise clínica, histopatológica e imuno‐histoquímica. Por vezes, a identificação do sítio primário é difícil, porém é importante a análise minuciosa por meio de exames de imagem e constante vigilância.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Bruno de Castro e Souza: Elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura.

Denis Miyashiro: Obtenção, análise e interpretação de dados; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura.

Marcella Soares Pincelli: Concepção e planejamento do estudo, elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura.

José Antonio Sanches: Concepção e planejamento do estudo, elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
[1]
P. Llancapi, R. Gutiérrez, O. Paiva.
Cutaneous metastases Clinical pathological review.
Rev Med Chil., 124 (1996), pp. 1519-1523
[2]
R.A. Schwartz.
Cutaneous metastatic disease.
J Am Acad Dermatol., 33 (1995), pp. 161-182
[3]
P. Teyateeti, T. Ungtrakul.
Retrospective review of cutaneous metastasis among 11,418 patients with solid malignancy: a tertiary cancer center experience.
Medicine (Baltimore)., 100 (2021), pp. e26737
[4]
S. Valastyan, R.A. Weinberg.
Tumor metastasis: molecular insights and evolving paradigms.
Cell., 147 (2011), pp. 275-292
[5]
P. Carmeliet, R.K. Jain.
Principles and mechanisms of vessel normalization for cancer and other angiogenic diseases.
Nat Rev Drug Discov., 10 (2011), pp. 417-427
[6]
Z. Diamantopoulou, F. Castro-Giner, F.D. Schwab, C. Foerster, M. Saini, S. Budinjas, et al.
The metastatic spread of breast cancer accelerates during sleep.
Nature., 607 (2022), pp. 156-162
[7]
P. Friedl, K. Wolf.
Tumour‐cell invasion and migration: diversity and escape mechanisms.
Nat Rev Cancer., 3 (2003), pp. 362-374
[8]
P. Auguste, L. Fallavollita, N. Wang, J. Burnier, A. Bikfalvi, P. Brodt.
The host inflammatory response promotes liver metastasis by increasing tumor cell arrest and extravasation.
Am J Pathol., 170 (2007), pp. 1781-1792
[9]
D. Padua, X.H. Zhang, Q. Wang, C. Nadal, W.L. Gerald, R.R. Gomis, et al.
TGFbeta primes breast tumors for lung metastasis seeding through angiopoietin‐like 4.
[10]
M.H. Brownstein, E.B. Helwig.
Patterns of cutaneous metastasis.
Arch Dermatol., 105 (1972), pp. 862-868
[11]
C.S. Queirós, P.L. Filipe, L. Soares de Almeida.
Cutaneous metastases from solid neoplasms in the 21st century: a retrospective study from a Portuguese tertiary care center.
J Eur Acad Dermatol Venereol., 34 (2020), pp. 1218-1224
[12]
R.A. Krathen, I.F. Orengo, T. Rosen.
Cutaneous metastasis: a meta‐analysis of data.
South Med J., 96 (2003), pp. 164-167
[13]
J.A. Sittart, M. Senise.
Cutaneous metastasis from internal carcinomas: a review of 45 years.
An Bras Dermatol., 88 (2013), pp. 541-544
[14]
W.A. Wesche, V.K. Khare, T.M. Chesney, J.J. Jenkins.
Non‐hematopoietic cutaneous metastases in children and adolescents: thirty years’ experience at St.
Jude Children's Research Hospital. J Cutan Pathol., 27 (2000), pp. 485-492
[15]
M.C.F.A. Martínez, V. Parra-Blanco, J.A.A. Izquierdo, R.M.S. Fernández.
Cutaneous metastases of internal tumors.
Actas Dermosifiliogr., 104 (2013), pp. 841-853
[16]
C.Y. Wong, M.A. Helm, T.N. Helm, N. Zeitouni.
Patterns of skin metastases: a review of 25 years’ experience at a single cancer center.
Int J Dermatol., 53 (2014), pp. 56-60
[17]
D.P. Lookingbill, N. Spangler, K.F. Helm.
Cutaneous metastases in patients with metastatic carcinoma: a retrospective study of 4020 patients.
J Am Acad Dermatol., 29 (1993), pp. 228-236
[18]
P. Savoia, P. Fava, T. Nardò, S. Osella-Abate, P. Quaglino, M.G. Bernengo.
Skin metastases of malignant melanoma: a clinical and prognostic survey.
Melanoma Res., 19 (2009), pp. 321-326
[19]
E.Z. Keung, J.E. Gershenwald.
The eighth edition American Joint Committee on Cancer (AJCC) melanoma staging system: implications for melanoma treatment and care.
Expert Rev Anticancer Ther., 18 (2018), pp. 775-784
[20]
C.M. Balch, J.E. Gershenwald, S.J. Soong, J.F. Thompson, M.B. Atkins, D.R. Byrd, et al.
Final version of 2009 AJCC melanoma staging and classification.
J Clin Oncol., 27 (2009), pp. 6199-6206
[21]
J.D. Strickley, A.B. Jenson, J.Y. Jung.
Cutaneous metastasis.
Hematol Oncol Clin North Am., 33 (2019), pp. 173-197
[22]
D. Sariya, K. Ruth, R. Adams-McDonnell, C. Cusack, X. Xu, R. Elenitsas, et al.
Clinicopathologic correlation of cutaneous metastases: experience from a cancer center.
Arch Dermatol., 143 (2007), pp. 613-620
[23]
P. Savoia, P. Fava, T. Deboli, P. Quaglino, M.G. Bernengo.
Zosteriform cutaneous metastases: a literature meta‐analysis and a clinical report of three melanoma cases.
Dermatol Surg., 35 (2009), pp. 1355-1363
[24]
E.Y. Gan, M.T. Chio, W.P. Tan.
A retrospective review of cutaneous metastases at the National Skin Centre Singapore.
Australas J Dermatol., 56 (2015), pp. 1-6
[25]
Wong CY, Helm MA, Kalb RE, Helm TN, Zeitouni NC. The presentation, pathology, and current management strategies of cutaneous metastasis. N Am J Med Sci. 201;5:499‐504.
[26]
C. Mordenti, K.M. Peris, C. Fargnoli, L. Cerroni, S. Chimenti.
Cutaneous metastatic breast carcinoma.
Acta dermatovenerologica., 9 (2000), pp. 143-148
[27]
A.G. Marneros, F. Blanco, S. Husain, D.N. Silvers, M.E. Grossman.
Classification of cutaneous intravascular breast cancer metastases based on immunolabeling for blood and lymph vessels.
J Am Acad Dermatol., 60 (2009), pp. 633-638
[28]
N. Scheinfeld.
Review of scalp alopecia due to a clinically unapparent or minimally apparent neoplasm (SACUMAN).
Acta Derm Venereol., 86 (2006), pp. 387-392
[29]
S.C. Hu, G.S. Chen, Y.W. Lu, C.S. Wu, C.C. Lan.
Cutaneous metastases from different internal malignancies: a clinical and prognostic appraisal.
J Eur Acad Dermatol Venereol., 22 (2008), pp. 735-740
[30]
M. Khaja, D. Mundt, R.A. Dudekula, U. Ashraf, S. Mehershahi, M. Niazi, et al.
Lung cancer presenting as skin metastasis of the back and hand: a case series and literature review.
Case Rep Oncol., 12 (2019), pp. 480-487
[31]
A. Batalla, B. Aranegui, C. Torre, de la, O. Prieto.
Cutaneous metastasis of lung cancer: two case reports and review of the literature.
Med Cutan Iber Lat Am., 40 (2012), pp. 24-27
[32]
P. Schoenlaub, A. Sarraux, E. Grosshans, E. Heid, B. Cribier.
Survival after cutaneous metastasis: a study of 200 cases.
Ann Dermatol Venereol., 128 (2001), pp. 1310-1315
[33]
A. Reich, M. Kobierzycka, Z. Woźniak, M. Cisło, J.C. Szepietowski.
Keratoacanthoma‐like cutaneous metastasis of lung cancer: a learning point.
Acta Derm Venereol., 86 (2006), pp. 459-460
[34]
A. Camarasa, E. Chiner, J. Sancho.
Clown nose as an initial manifestation of squamous cell carcinoma of the lung.
Arch Bronconeumol., 45 (2009), pp. 60-63
[35]
J. Marcoval, M.I. Gallego, A. Moreno.
Inflammatory cutaneous metastasis as a first sign of recurrence of squamous cell carcinoma of the lung.
Actas Dermosifiliogr., 99 (2008), pp. 157-159
[36]
P.R. Cohen.
Metastatic tumors to the nail unit: subungual metastases.
Dermatol Surg., 27 (2001), pp. 280-293
[37]
N.S. Wong, B.M. Chang, H.C. Toh, W.H. Koo.
Inflammatory metastatic carcinoma of the colon: a case report and review of the literature.
Tumori., 90 (2004), pp. 253-255
[38]
K. Yilmaz, C. Atalay.
Cutaneous metastases in colorectal cancer.
Trakya Univ Tip Fak Derg., 26 (2009), pp. 312-316
[39]
A. Dehal, S. Patel, S. Kim, E. Shapera, F. Hussain.
Cutaneous metastasis of rectal cancer: a case report and literature review.
Perm J., 20 (2016), pp. 74-78
[40]
M.J.S. Bittencourt, A.A. Imbiriba, O.A. Oliveira, J.E.B.D. Santos.
Cutaneous metastasis of colorectal cancer.
An Bras Dermatol., 93 (2018), pp. 884-886
[41]
Y. İşcan, B. Karip, E. Onur, N. Özbay, S. Tezer, K. Memişoğlu.
Sister Mary Joseph nodule in colorectal cancer.
Ulus Cerrahi Derg., 32 (2014), pp. 295-297
[42]
F. Abbasi, A. Abbasi, R. Mahmodlou, E. Mehdipour.
Cutaneous metastasis of gastric carcinoma: a rare case with unusual presentation site.
Indian J Dermatopathol Diagn Dermatol., 5 (2018), pp. 54
[43]
A.I.P. Vernemmen, X. Li, G.M.J.M. Roemen, E.M. Speel, B. Kubat, A.Z. Hausen, et al.
Cutaneous metastases of internal malignancies: a single‐institution experience.
Histopathology., 81 (2022), pp. 329-341
[44]
A. Graves, H. Hessamodini, G. Wong, W.H. Lim.
Metastatic renal cell carcinoma: update on epidemiology, genetics, and therapeutic modalities.
Immunotargets Ther., 2 (2013), pp. 73-90
[45]
A. Bujons, X. Pascual, R. Martínez, O. Rodríguez, J. Palou, H. Villavicencio.
Cutaneous metastases in renal cell carcinoma.
Urol Int., 80 (2008), pp. 111-112
[46]
M. Errami, V. Margulis, S. Huerta.
Renal cell carcinoma metastatic to the scalp.
Rare Tumors., 20 (2016), pp. 6400
[47]
H.J. Lee, A. Lee, D. Tan, J. Du, Y. Wang, P.Y. Tang, et al.
Cutaneous metastasis of renal cell carcinoma.
Lancet Oncol., 21 (2020), pp. e292
[48]
O. Hasan, M. Houlihan, K. Wymer, C.M.P. Hollowell, T.S. Kohler.
Cutaneous metastasis of bladder urothelial carcinoma.
Urol Case Rep., 28 (2019), pp. 101066
[49]
A.N. Lees.
Cutaneous metastasis of transitional cell carcinoma of the urinary bladder eight years after the primary: a case report.
J Med Case Rep., 9 (2015), pp. 102
[50]
A.S. Savell, B. Morris, M.R. Heaphy Jr..
Cutaneous metastasis of urothelial carcinoma resulting in vascular occlusion and livedo racemosa.
JAAD Case Rep., 6 (2020), pp. 574-576
[51]
K.T. Pitman, J.T. Johnson.
Skin metastases from head and neck squamous cell carcinoma: incidence and impact.
[52]
A. Yoskovitch, M.P. Hier, A. Okrainec, M.J. Black, L. Rochon.
Skin metastases in squamous cell carcinoma of the head and neck.
Otolaryngol Head Neck Surg., 124 (2001), pp. 248-252
[53]
S. Alwaheeb, D. Ghazarian, S.L. Boerner, S.L. Asa.
Cutaneous manifestations of thyroid cancer: a report of four cases and review of the literature.
J Clin Pathol., 57 (2004), pp. 435-438
[54]
P.R. Dahl, D.G. Brodland, J.R. Goellner, I.D. Hay.
Thyroid carcinoma metastatic to the skin: A cutaneous manifestation of a widely disseminated malignancy.
J Am Acad Dermatol., 36 (1997), pp. 531-537
[55]
P.R. Cohen.
Metastatic papillary thyroid carcinoma to the nose: report and review of cutaneous metastases of papillary thyroid cancer.
Dermatol Pract Concept., 5 (2015), pp. 7-11
[56]
E.A. Koller, J.B. Tourtelot, H.S. Pak, M.W. Cobb, J.C. Moad, E.A. Flynn.
Papillary and follicular thyroid carcinoma metastatic to the skin: a case report and review of the literature.
Thyroid., 8 (1998), pp. 1045-1050
[57]
S.H. Cheng, S.C. Hu.
Skin metastasis from papillary thyroid carcinoma: a rare case with an unusual clinical presentation.
Australas J Dermatol., 61 (2020), pp. e374-e376
[58]
M.R. Hussein.
Skin metastasis: a pathologist's perspective.
J Cutan Pathol., 37 (2010), pp. e1-e20
[59]
C. Tomuleasa, F. Zaharie, M.S. Muresan, L. Pop, Z. Fekete, D. Dima, et al.
How to diagnose and treat a cancer of unknown primary site.
J Gastrointestin Liver Dis., 26 (2017), pp. 69-79
[60]
D.E. Spratt, E.A.G. Spratt, S. Wu, A. DeRosa, N.Y. Lee, M.E. Lacouture, et al.
Efficacy of skin‐directed therapy for cutaneous metastases from advanced cancer: a meta‐analysis.
J Clin Oncol., 32 (2014), pp. 3144-3155
[61]
M. Azemar, S. Djahansouzi, E. Jäger, C. Solbach, M. Schmidt, A.B. Maurer, et al.
Regression of cutaneous tumor lesions in patients intratumorally injected with a recombinant single‐chain antibody‐toxin targeted to ErbB2/HER2.
Breast Cancer Res Treat., 82 (2003), pp. 155-164
[62]
I.L. Gibbons, M. Sonagli, E. Bertolli, M.P. Macedo, C.A.L. Pinto, J.P. Duprat Neto.
Diphencyprone as a therapeutic option in cutaneous metastasis of melanoma. A single‐institution experience.
An Bras Dermatol., 93 (2018), pp. 299-301

Como citar este artigo: Souza BC, Miyashiro D, Pincelli MS, Sanches JA. Cutaneous metastases from solid neoplasms – Literature review. An Bras Dermatol. 2023;98:571–9.

Trabalho realizado no Hospital das Clínicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Copyright © 2023. Sociedade Brasileira de Dermatologia
Idiomas
Anais Brasileiros de Dermatologia
Article options
Tools
en pt
Cookies policy Política de cookies
To improve our services and products, we use "cookies" (own or third parties authorized) to show advertising related to client preferences through the analyses of navigation customer behavior. Continuing navigation will be considered as acceptance of this use. You can change the settings or obtain more information by clicking here. Utilizamos cookies próprios e de terceiros para melhorar nossos serviços e mostrar publicidade relacionada às suas preferências, analisando seus hábitos de navegação. Se continuar a navegar, consideramos que aceita o seu uso. Você pode alterar a configuração ou obter mais informações aqui.