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Vol. 97. Núm. 3.
Páginas 404-405 (01 Maio 2022)
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Vol. 97. Núm. 3.
Páginas 404-405 (01 Maio 2022)
Carta ‐ Caso clínico
Open Access
Estomatite urêmica
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Paulo Ricardo Martins Souzaa,b, Gabriela Mosenac,
Autor para correspondência
gabriela.mosena@gmail.com

Autor para correspondência.
, Manuela Lima Dantasd, Gerson Vettoratod
a Serviço de Dermatologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil
b Departamento de Dermatologia, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil
c Clínica Privada de Dermatologia, Caxias do Sul, RS, Brasil
d Clínica Privada de Dermatologia, Porto Alegre, RS, Brasil
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Prezado Editor,

Paciente do sexo masculino, 42 anos, procurou o Serviço de Dermatologia por apresentar lesões esbranquiçadas na mucosa oral, com acometimento principalmente da língua. Além disso, relatava significativa disgeusia e inapetência. Apresentava doença renal crônica em tratamento conservador até o momento. O exame da cavidade oral demonstrou placas esbranquiçadas com projeções filiformes aderidas às bordas laterais da língua (figs. 1 e 2) e uma placa branca na mucosa jugal esquerda (fig. 3). Apresentava hálito cetônico ao exame. O paciente aguardava diálise; apresentava nível sérico de creatinina de 17 mg/dL, com uremia de 200 mg/dL. Após algumas sessões de hemodiálise, as lesões regrediram acentuadamente.

Figura 1.

Placa esbranquiçada com projeções filiformes aderidas na borda lateral esquerda da língua.

(0,2MB).
Figura 2.

Placa esbranquiçada com projeções filiformes aderidas na borda lateral direita da língua.

(0,1MB).
Figura 3.

Placa esbranquiçada na mucosa jugal esquerda.

(0,13MB).

A estomatite urêmica é uma doença da mucosa oral pouco relatada, possivelmente associada à uremia de longa data em pacientes com insuficiência renal crônica.1 Foi inicialmente mencionada por Lancereaux em 1887 e descrita por Barie em 1889 como uma complicação incomum, mas característica da doença renal avançada.2 A incidência é baixa,2 tendo diminuído notadamente com o advento da diálise, passando a ser raramente observada.3 A etiologia permanece desconhecida; foi sugerido que possa ser consequente aos níveis elevados de compostos de amônia.1 A amônia é formada por ação de ureases bacterianas que modificam a ureia salivar, elevada em pacientes renais. As características clínicas são mal definidas e raramente são detalhadas em publicações.1 Os pacientes afetados podem se queixar de dor, disgeusia e sensação de queimação.1,4 Foram descritos quatro tipos clínicos de estomatite urêmica: pseudomembranosa, ulcerativa, hemorrágica e hiperceratótica.2 A forma ulcerativa é a mais comum,2 com aspecto eritematoso, e a hiperceratótica é uma alteração rara que pode ocorrer na insuficiência renal de longa data. O diagnóstico é feito com base em sinais e sintomas clínicos, e a histopatologia é caracterizada por hiperplasia do epitélio e hiperparaqueratinização não usual.1,5 Líquen plano, candidíase hipertrófica, leucoplasia pilosa oral e deficiências vitamínicas são importantes diagnósticos diferenciais.4 O tratamento consiste na melhora da concentração sanguínea de ureia.2 As manifestações persistem, geralmente, por duas a três semanas. Lavagens com peróxido de hidrogênio podem contribuir para a eliminação de bactérias anaeróbias que produzem amônia.1 Apesar da alta frequência de pacientes com insuficiência renal, apenas alguns casos de estomatite urêmica foram publicados. Investigações são necessárias para melhor compreensão do mecanismo patogênico desse transtorno.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Paulo Ricardo Martins Souza: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Gabriela Mosena: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Manuela Lima Dantas: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Gerson Vettorato: Aprovação da versão final do manuscrito; elaboração e redação do manuscrito; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Conflito de interesses

Nenhum.

Referências
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H. Yano, M. Kinjo.
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BMJ Case Rep., 12 (2019),

Como citar este artigo: Souza PRM, Mosena G, Dantas ML, Vettorato G. Uremic stomatitis. An Bras Dermatol. 2022;97:404–5.

Trabalho realizado na Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.

Idiomas
Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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