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Vol. 94. Núm. 5.
Páginas 633-635 (01 Setembro 2019)
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Vol. 94. Núm. 5.
Páginas 633-635 (01 Setembro 2019)
Carta‐Caso Clínico
Open Access
Múltiplos fibroepiteliomas de Pinkus após radioterapia
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Bruna Anjos Badaróa,
Autor para correspondência
brunaanjosbadaro@hotmail.com

Autor para correspondência.
, Lucia Martins Diniza,b, Ernesto Negris Netoa, Elton Almeida Lucasc
a Serviço de Dermatologia, Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil
b Departamento de Clínica Médica, Dermatologia, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil
c Serviço de Dermatopatologia, Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil
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Prezado Editor,

O fibroepitelioma de Pinkus (FEP) ou carcinoma basocelular fibroepitelial é neoplasia cutânea rara, apresentando frequência entre 0,2% e 1,4% de uma série de carcinoma basocelular.1,2 Sua etiopatogenia é controversa, considerada por alguns autores como variante do carcinoma basocelular (CBC) e, por outros, variante do tricoblastoma.2 Mas há estudos sugerindo influência marcante da exposição prévia à radioterapia.1,3 A partir da suspeição clínica, o histopatológico peculiar e inconfundível confirma o diagnóstico.2 Descreve‐se caso de homem apresentando lesões cutâneas neoplásicas restritas ao local de radioterapia prévia na coxa esquerda para tumor ósseo.

Homem de 69 anos de idade, branco, com história de tumor ósseo no fêmur esquerdo aos 17 anos de idade, com necessidade de intervenção cirúrgica e radioterapia adjuvante. Após anos, notou o aparecimento de pápulas eritematoacastanhadas, assintomáticas, de evolução lenta, restritas à pele adjacente à cicatriz cirúrgica, na área previamente irradiada. Em 2016, buscou atendimento dermatológico, quando foi evidenciada uma placa discretamente elevada, eritematosa, com borda inferior pigmentada, de brilho perláceo, localizada na face lateral superior da coxa esquerda, e algumas pápulas eritematosas, com brilho perláceo, localizadas próximo à cicatriz cirúrgica (fig. 1). O estudo histopatológico da placa excisada da região superior da coxa esquerda evidenciou neoplasia de células basaloides infiltrando a derme, com anastomoses em aspecto cordonal, acompanhado de desmoplasia circunjacente, compatível com FEP (fig. 2). Todas as demais lesões na área irradiada foram excisadas e submetidas ao histopatológico, mantendo‐se o diagnóstico de FEP, com múltiplas lesões.

Figura 1.

Presença de pápulas eritematosas, com brilho perláceo e placas, pouco elevadas, eritematoacastanhadas adjacentes à cicatriz cirúrgica na coxa esquerda – visão anterolateral.

(0,14MB).
Figura 2.

Proliferação epitelial infiltrando a derme, com anastomoses em aspecto cordonal, acompanhado de desmoplasia circunjacente (hematoxilina & eosina, ×4).

(0,32MB).

O FEP acomete áreas não fotoexpostas,1,2 comumente a região inguinal e lombossacra; apresenta incidência entre 40 e 60 anos de idade,1 predomínio discreto em mulheres (54%).2 Clinicamente, caracteriza‐se por lesões únicas ou múltiplas, como pápula ou placa, normocrômica/acastanhada, cupuliforme ou séssil.1,2 O caso relatado diverge no sexo (homem); no entanto, assemelha‐se pela localização (área não fotoexposta), idade (69 anos) e manifestação clínica (múltiplas placas discretamente elevadas e pápulas eritematoacastanhadas).

A etiopatogenia é controversa; alguns autores classificam o FEP como variante do CBC, e outros do tricoblastoma.1,2 Em revisão de literatura, as evidências permanecem numa linha tênue de difícil classificação, em alguns aspectos favorecendo o CBC e, em outros, o tricoblastoma.2 Argumenta‐se, no entanto, que há associação do FEP com antecedente de exposição à radioterapia,1,3 como no caso relatado, no qual as lesões neoplásicas do paciente restringiam‐se à região previamente irradiada. Em revisão de literatura foram encontrados quatro artigos referindo a associação do FEP com área de pele previamente irradiada.1,3–5

O exame histopatológico mostra‐se fundamental para o diagnóstico, e é descrito como peculiar e inconfundível, evidenciando filamentos anastomosados finos de células basaloides, cercados por estroma abundante que formam uma borda uniforme com a derme subjacente, assemelhando‐se a favo de mel,1,2 características encontradas no caso relatado.

A evolução do FEP é lenta, apresentando baixa agressividade local e pouco risco de metástase.1,2 A excisão da lesão é recomendada e quase sempre curativa, pois os tratamentos tópicos são ineficazes.1 O paciente deve manter o seguimento dermatológico para diagnóstico precoce e tratamento adequado de novas lesões.

No caso apresentado, o paciente excisou múltiplas lesões de FEP e se mantém em acompanhamento regular no serviço de dermatologia.

Relata‐se este caso para enfatizar a possibilidade de outras etiologias dos carcinomas basocelulares, como a radioterapia cutânea prévia.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Bruna Anjos Badaró: Concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Lucia Martins Diniz: Aprovação da versão final do manuscrito; concepção e planejamento do estudo; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica da literatura; revisão crítica do manuscrito.

Ernesto Negris Neto: Obtenção, análise e interpretação dos dados; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados.

Elton Almeida Lucas: Obtenção, análise e interpretação dos dados; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados.

Conflito de interesses

Nenhum.

Agradecimentos

Aos professores, colegas residentes e pacientes do serviço de Dermatologia do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes.

Referências
[1]
M.J. Holcomb, K. Motaparthi, S.J. Grekin, T. Rosen.
Fibroepithelioma of Pinkus induced by radiotherapy.
Dermatol Online J., 18 (2012), pp. 5
[2]
E.S. Haddock, P.R. Cohen.
Fibroepithelioma of Pinkus Revisted.
Dermatol Ther (Heidelb)., 6 (2016), pp. 347-362
[3]
W. Hartschuh, T. Schulz.
Merkel cell hyperplasia in chronic radioation‐damage skin: its possible relationship to fibroepithelioma of Pinkus.
J Cutan Pathol., 24 (1997), pp. 477-483
[4]
P. Cahuzac, C. Hermier, J. Thivolet.
Premalignant fibroepithelial tumors of Pinkus and previous irradiation: report of a survey of 20 patients.
Ann Dermatol Venereol., 109 (1982), pp. 355-357
[5]
D. Colomb, J.P. Drevon, M. Kirkorian, A. Gho.
The carcinogenic role of earlier x‐ray irradiation of multiple epitheliomas of the back: Critical study of 15 personal cases.
Ann Dermatol Venereol., 112 (1985), pp. 13-19

Como citar este artigo: Badaró BA, Diniz LM, Negris Neto E, Lucas EA. Multiple Fibroepitheliomas of Pinkus after radiotherapy. An Bras Dermatol. 2019;94:633–5.

Trabalho realizado no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil.

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Anais Brasileiros de Dermatologia (Portuguese)
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