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Vol. 95. Núm. 3.
Páginas 399-400 (01 Maio 2020)
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Vol. 95. Núm. 3.
Páginas 399-400 (01 Maio 2020)
Carta – Caso clínico
Open Access
Vitiligo segmentar inflamatório durante o uso de isotretinoína oral: uma associação casual?
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Maria Fernanda de Santana Avelar‐Caggianoa,
Autor para correspondência
mafe_avelar@yahoo.com.br

Autor para correspondência.
, Caio César Silva de Castrob, Gerson Dellatorrea
a Serviço de Dermatologia, Hospital Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, Curitiba, PR, Brasil
b Escola de Medicina, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, PR, Brasil
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Prezado Editor,

O vitiligo segmentar (VS) corresponde 3% a 20% de todos os casos de vitiligo e geralmente não está associado a doenças autoimunes quando comparado ao vitiligo não segmentar (VNS).1 Entre as teorias propostas para a fisiopatologia do VS, é importante enfatizar a presença de um ataque autoimune contra uma área de mosaicismo.1

Na literatura são escassos os relatos sobre o surgimento de vitiligo como efeito colateral de medicamentos, especialmente da isotretinoína oral. O objetivo do presente relato é demonstrar um possível novo efeito colateral dessa medicação, uma vez que não há descrições da associação com VS na literatura.

Paciente masculino, 17 anos, previamente hígido e sem história familiar de vitiligo, apresentava diagnóstico de acne resistente a tratamentos tópicos e antibioticoterapia sistêmica. Durante o quinto mês de tratamento com isotretinoína oral (0,4 mg/kg/dia, dose acumulada de 5.400 mg) apresentou manchas acrômicas circundadas por halo eritemato‐descamativo em regiões malar e perioral direita, não ultrapassavam a linha média da face (fig. 1). O exame com lâmpada de Wood evidenciou aspecto branco nacarado das lesões, além de poliose em pelos da barba, favoreceu o diagnóstico VS (fig. 2). Após a suspensão da medicação, foi iniciado o tratamento com tacrolimus 0,1% pomada duas vezes ao dia com melhoria do eritema perilesional após dois meses, embora sem melhoria da acromia. Posteriormente, foi submetido a 20 sessões de fototerapia UVB‐NB com pouca repigmentação de padrão perifolicular.

Figura 1.

Manchas acrômicas circundadas por halo eritematoso e poliose em pelos de barba em regiões malar e perioral direita.

(0,12MB).
Figura 2.

Aspecto branco nacarado à lâmpada de Wood em regiões malar e perioral direita.

(0,07MB).

Em revisão da literatura, são descritos apenas três casos de surgimento de vitiligo no contexto do uso da isotetinoína oral. Um dos relatos descreve o caso de um paciente que desenvolveu vitiligo durante o uso da medicação na dose de 0,3 a 0,4 mg/Kg/dia para o tratamento da acne moderada a grave.2 Em outro relato houve o desenvolvimento de vitiligo acrofacial somente após 2 meses do término do tratamento com isotretinoína, o que diminui a probabilidade de relação causa‐efeito.3 Há também relato de pioria de lesões de VNS em lábio inferior e região perioral inferior após queilite crônica devido ao uso da isotretinoína oral, quadro atribuído nesse caso ao fenômeno de Koebner.4

O mecanismo de ação da isotretinoína nessa suposta associação ainda não está completamente elucidado, mas a droga parece ter um papel no desencadeamento da autoimunidade em indivíduos geneticamente susceptíveis.5 Têm sido descritos vários relatos de surgimento de doenças autoimunes como diabetes, hepatite autoimune, síndrome de Guillain‐Barré e tireoidite após o término do regime de isotretinoína ou durante a última semana de tratamento.5 Além disso, estudos in vitro também demonstraram que os retinoides podem ter um efeito pró‐apoptótico nos melanócitos.3

Apesar de a relação causa‐efeito dessa associação ainda não estar comprovada, o surgimento crescente de novos casos na literatura é um sinal de alerta para os dermatologistas manterem a vigilância sobre esse possível novo efeito colateral.

Suporte financeiro

Nenhum.

Contribuição dos autores

Maria Fernanda de Santana Avelar‐Caggiano: Concepção e planejamento do estudo; elaboração e redação do manuscrito; obtenção, análise e interpretação dos dados; revisão crítica da literatura.

Caio César Silva de Castro: Aprovação da versão final do manuscrito; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica do manuscrito.

Gerson Dellatorre: Aprovação da versão final do manuscrito; participação efetiva na orientação da pesquisa; participação intelectual em conduta propedêutica e/ou terapêutica de casos estudados; revisão crítica do manuscrito.

Conflitos de interesse

Nenhum.

Referências
[1]
N. VanGeel, I. Mollet, L. Brochez, M. Dutré, S. De Schepper, E. Verhaeghe, et al.
New insights in segmental vitiligo: case report and review of theories.
Br J Dermatol., 166 (2011), pp. 240-246
[2]
P.K. Rao, R.M. Bhat, B. Nandakishore, S. Dandakeri, J. Martis, G.H. Kamath.
Safety and efficacy o flow‐dose isotretinoin in the treatment of moderate to severe acne vulgaris.
Indian J Dermatol., 59 (2014), pp. 316
[3]
A.A. Kokandi.
Vitiligo Appearing after Oral Isotretinoin Therapy for Acne.
Case Reports in Dermatological Medicine., 2018 (2018), pp. 1-3
[4]
M.L. Garner, D.B. McShane, C.N. Burkhart, D.S. Morrell.
Isotretinoin and vitiligo: Canchronic cheilitis cause koebnerization?.
Pediatric Dermatology., 32 (2015), pp. 108-109
[5]
J. Nugroho, B. Schweiger.
Isotretinoin as a Possible Environmental Trigger to Autoimmunity in Genetically Susceptible Patients.
Case Rep Pediatr., 2017 (2017), pp. 1-3

Como citar este artigo: Caggiano‐Avelar MFS, Castro CCS, Dellatorre G. Inflammatory segmental vitiligo during oral isotretinoin use: a casual association? An Bras Dermatol. 2020;95:399–400.

Trabalho realizado no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, Paraná, PR, Brasil.

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